O verão é sinónimo de dias mais longos, calor e maior exposição solar. Esta combinação cria condições exigentes para a pele, porque o aumento da transpiração e a radiação ultravioleta (UV) podem provocar queimaduras, desidratação e envelhecimento precoce. A Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia lembra que a pele deve ser tratada como um “muro”, cuja camada córnea funciona como barreira; banhos muito quentes ou detergentes agressivos dissolvem as gorduras que mantêm essa barreira e deixam a pele desprotegida. Para aproveitar o verão em segurança, é essencial reforçar os cuidados de higiene, hidratação e fotoproteção. Principais desafios do verão Radiação UV intensa: a exposição deliberada ao sol para obter bronzeado aumentou a incidência de queimaduras solares e de cancro da pele. A intensidade da radiação é maior entre as 11h e as 16h; mesmo nos dias frescos ou nublados a radiação UV atravessa as nuvens, por isso é perigoso confiar apenas na sensação de calor. Desidratação cutânea: o sol resseca a pele. As altas temperaturas e o vento facilitam a perda de água através da camada córnea, levando a pele seca e comichão. Sensibilidade e fotossensibilização: alguns medicamentos (antibióticos, anti‑hipertensores e anti‑inflamatórios) podem tornar a pele mais sensível à luz; é importante falar com o médico sobre a fotossensibilidade antes de se expor ao sol. Limpeza delicada e hidratação Durante o verão, a rotina de higiene deve proteger a barreira cutânea. A SPDV recomenda lavar a pele com água tépida e produtos suaves com pouco poder detergente para não danificar a camada córnea. Banhos prolongados com água muito quente e esfoliação agressiva dissolvem as gorduras que ligam as células da pele, aumentando a perda de água. Após a limpeza, a aplicação de um creme hidratante melhora a retenção de água e repõe a gordura superficial. O dermatologista Luís Uva salienta que, além do protetor solar, a pele deve ser hidratada diariamente; cremes leves, de rápida absorção, contendo ingredientes calmantes como aloe vera ou ácido hialurónico ajudam a equilibrar a pele. Para completar, beber bastante água ao longo do dia contribui para a hidratação “de dentro para fora”. Fotoproteção: mais do que apenas protetor solar Escolher e aplicar o protetor SPF e proteção de largo espectro: o NHS aconselha a usar protetor com fator de proteção igual ou superior a 30 e pelo menos 4 estrelas de proteção UVA. A etiqueta “larga espectro” indica que o produto protege contra radiações UVA e UVB. Quantidade e frequência: muita gente aplica pouco protetor. O NHS sugere cerca de 6 a 8 colheres de chá para o corpo inteiro. O protetor deve ser aplicado 30 minutos antes da exposição e reaplicado imediatamente antes de sair; durante a exposição deve ser reaplicado a cada 2 horas ou após banho ou suor. Escolha de fórmulas: para peles sensíveis, filtros minerais com óxido de zinco ou dióxido de titânio podem causar menos irritação. Para atividades prolongadas ao ar livre, a Skin Cancer Foundation recomenda protetores broad‑spectrum com SPF 50 ou superior, resistentes à água e reaplicados de 2 em 2 horas. Roupas e acessórios A fotoproteção não se limita ao protetor solar. A SPDV frisa que é fundamental usar vestuário adequado: chapéu de abas largas, óculos de sol com proteção UV, t‑shirt de malha justa e calções compridos. Deve‑se evitar a exposição direta ao sol entre as 12h e as 16h (ou 11h-17h para peles claras). O artigo de Luís Uva aconselha roupas de tecido respirável e cores claras, como camisas de linho ou algodão de manga comprida, vestidos fluidos e t‑shirts largas. Há também peças com proteção UV incorporada, úteis para quem passa muito tempo ao ar livre. Atenção às condições e medicamentos Mesmo debaixo do guarda‑sol, até 30 % da radiação UV atinge a pele. Por isso, não é seguro permanecer longas horas à sombra sem proteção. Medicamentos como antibióticos ou anti‑inflamatórios podem ser fotossensibilizantes; consulte o médico ou farmacêutico se estiver a tomar algum fármaco antes de se expor ao sol. Evite também adormecer ao sol, pois isso é causa frequente de queimaduras graves. Proteção das crianças A radiação UV afecta especialmente a pele infantil. Bebés até aos 6 meses não devem ser expostos diretamente ao sol; deve‑se usar vestuário que cubra braços e pernas, chapéus e sombras no carrinho. A partir dos 6 meses, pode aplicar-se protetor solar nas áreas descobertas e continuar a proteger com chapéus e roupa. O NHS reforça que crianças e bebés devem passar tempo na sombra entre as 11h e as 15h, usar roupas de proteção e aplicar protetor SPF 30 ou mais. Rotina de skincare para o verão Abaixo apresenta‑se um guia resumido com os passos essenciais para cuidar da pele no verão. Cada passo inclui uma breve explicação da sua importância. PassoO que fazerMotivo principalLimpezaLavar o rosto e o corpo com água tépida e produtos suavesPreserva a camada córnea e evita a remoção excessiva de gorduras que protegem a peleHidrataçãoAplicar creme hidratante após o banho e usar fórmulas leves com aloe vera ou ácido hialurónico; beber águaReforça a retenção de água na pele e repõe gorduras protetoras; combate a desidratação causada pelo solProteção solarUsar protetor de largo espectro com SPF ≥ 30 e aplicá‑lo 30 min antes da exposição; reaplicar de 2 em 2 h ou após banho/suorReduz o risco de queimaduras, envelhecimento precoce e cancro da peleRoupas e acessóriosVestir chapéus, óculos de sol com proteção UV e roupa leve de cores claras; preferir tecidos com proteção UVAumentam a barreira física contra a radiação UV; complementam o protetor solarHorários e sombraEvitar a exposição entre 11/12h e 16h, procurar sombra e não dormir ao solA intensidade da radiação UV é maior nestas horas; sombra reduz mas não elimina a exposiçãoCuidado infantilManter bebés (<6 meses) fora do sol e proteger com roupa; usar protetor em crianças mais velhasA pele das crianças é mais sensível; queimaduras na infância aumentam o risco de cancro de pele no futuro Depois do sol Mesmo com cuidados, podem ocorrer queimaduras solares ou pele irritada. Nesses casos, a SPDV recomenda evitar nova exposição, fazer compressas frias e manter a pele hidratada. O NHS acrescenta que o protetor solar deve ser reaplicado após o contacto com água ou transpiração. Se surgirem bolhas ou sinais de queimaduras graves, procure aconselhamento médico. Conclusão O verão oferece momentos de lazer, mas também exige responsabilidade. Ao adaptar a rotina de skincare – investindo em limpeza delicada, hidratação intensiva e fotoproteção completa – é possível desfrutar do sol sem comprometer a saúde cutânea. Siga as recomendações de dermatologistas e organizações de saúde: escolha protetores de largo espectro, utilize roupa e acessórios de proteção e hidrate‑se por dentro e por fora. Assim, a pele mantém‑se saudável, luminosa e protegida durante todo o verão. Referências Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia – Secção “Cuidados com a pele” – informações sobre higiene, banho e proteção solarspdv.ptspdv.pt. Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia – recomendações para proteção solar e exposição ao solspdv.ptspdv.pt. Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia – considerações sobre fotossensibilização e riscos com medicamentosspdv.pt. Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia – informação sobre radiação UV sob guarda‑sol e cuidados com bebés e criançasspdv.pt. SAPO Lifestyle, artigo de Luís Uva: “Que cuidados especiais devo ter com a minha pele no verão?” – recomendações sobre hidratação, protetor solar e vestuáriolifestyle.sapo.pt. NHS – “Sunscreen and sun safety” – orientação sobre fator de proteção, aplicação e uso adequado de protetor solarnhs.uknhs.uknhs.uk. NHS – recomendações para proteção de crianças e bebésnhs.uk. Skin Cancer Foundation – guia “Sun Protection” – explicação sobre filtros solares, reapplication e uso em atividades prolongadasskincancer.org. Skin Cancer Foundation – conselhos sobre proteção de bebés e criançasskincancer.org.